Reitoria da USP ataca organização dos servidores técnicos-administrativo

Desde o ano passado o Sintusp (Sindicatos dos Trabalhadores da USP) está sob forte ataque da atual Reitoria da Universidade de São Paulo. Em 06/04/2016, foi expedido ofício impondo a saída do sindicato de sua sede em até 30 dias, alegando necessidades acadêmicas da Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA-USP). Contudo, em 27/04 a Congregação da ECA, órgão máximo decisório da escola, esclareceu que solicitou à Reitoria obras de expansão, mas nunca exigiu o espaço ocupado pelo sindicato. Menos de um mês depois, em 25/05, a Reitoria expediu um 2º ofício reiterando a desocupação, mas o sindicato permaneceu em sua sede com apoio da comunidade universitária e a reitoria recuou.

Porém, aproveitando o esvaziamento da universidade devido ao período de férias, a reitoria da USP acionou o Judiciário, e em 09/12 foi expedida liminar de reintegração de posse com autorização de uso da força policial. Em 13/12, os trabalhadores presentes na assembleia extraordinária decidiram por resistir e permanecer em sua sede.

Diante da situação, a chefia da Casa Civil do Governo do Estado realizou audiência com a diretoria do Sintusp em 14/12, onde a representação da diretoria apresentou todos os documentos e ofícios relacionados ao caso, além do manifesto em defesa da permanência do sindicato assinado até aquele momento por mais de duas mil pessoas, e informou que a decisão era de resistir física e politicamente à reintegração de posse, e que em caso do uso da força policial o governo Alckmin seria responsabilizado. O representante do governo declarou que o governador seria imediatamente informado sobre a situação, que a intenção era evitar conflitos dessa ordem e que qualquer anormalidade deveria ser informada ao Palácio dos Bandeirantes.

Em 15/12, os servidores se reuniram em ato público contra a reintegração, com apoio de inúmeros sindicatos, centrais sindicais, entidades, movimentos sociais e parlamentares como Eduardo Suplicy (PT/SP) e Carlos Giannazi (PSOL/SP). Uma comissão de apoio aos trabalhadores foi formada para dialogar com o reitor Marco Antônio Zago, mas foi barrada na porta da reitoria, pois a autoridade máxima presente naquele dia era o chefe de protocolo e ninguém poderia falar pelo reitor.

Após um período de menos de uma semana, no dia 21/12, os trabalhadores técnicos-administrativo foram surpreendidos por uma obra de cercamento repentina de todo o espaço da sede do Sintusp e também dos espaços estudantis da ECA.
Apenas em 23/12 o sindicato foi recebido pelo chefe de gabinete da reitoria, Thiago Liporaci. A decisão final dessa reunião foi de que a reintegração de posse seria negociada, com intermédio do Ministério Público do Trabalho, em audiência que já estava convocada para 26/01/2017, e garantiu-se que não haveria nenhum cumprimento de mandado antes disso. Mas a instalação das grades não foi suspensa, apenas ficou acordado que os trabalhadores teriam acesso ao sindicato até a data da audiência em janeiro.

Em 26/12, as obras de instalação das grandes foram retomadas, então o sindicato passou a manter vigília, resistência com piquetes físicos e faixas. No dia 03/01/2017, o Sintusp informa que a reitoria instalou efetivos da polícia comunitária da USP e da Força Tática da PM para impor o gradeamento da sede do Sintusp e dos espaços estudantis da ECA, na intenção de intimidar a resistência dos trabalhadores, o que não funcionou e o cercamento foi interrompido. Dois dias depois, a reitoria quebrou o acordo firmado em dezembro e bloqueou a rua que dá acesso ao prédio do sindicato, mais uma vez se utilizando da força policial.  

Neste momento, o Sintusp se encontra numa semana de mobilização, com atividades de resistência ao gradeamento e contra a reintegração de posse.

O ataque da reitoria não é apenas ao Sintusp. Ao tentar expulsar o sindicato de sua sede, depois gradeá-la e cercá-la com policiamento militar, Zago deixa seu posicionamento claro: ele é contra a liberdade democrática garantida pela Constituição.

Além disso, sua gestão que atualmente move diversos processos administrativos, judiciais e a abertura de inquéritos policiais contra muitos membros da diretoria do Sintusp e sua militância, também está realizando claro desmonte daquela Universidade, com o fechamento de creches e restaurantes, a tentativa de desvinculação dos hospitais universitários (HU e HRAC), além da demissão de cerca de 3.500 trabalhadores – sendo 3.000 através do Plano de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) -, nenhuma reposição do quadro e cortes de verbas para ensino e pesquisa.

O STU, como representando dos trabalhadores da Unicamp, presta todo seu apoio à luta dos companheiros da USP e reforça a corrente contra os ataques de Zago. As universidades devem ser ambientes democráticos para todos, alunos, professores e servidores, por isso, é de extrema importância que atos repressivos como os praticados pelo reitor da Universidade de São Paulo sejam combatidos com toda a força possível. #SintuspFica!

Créditos da imagem: Sintusp

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