A presidenta Dilma Rousseff apresentou na semana passada um pacote de medidas para a saúde pública no país. Entre as iniciativas está a ampliação do curso de medicina de seis para oito anos. Nos dois anos adicionais, os estudantes terão de atuar obrigatoriamente no SUS.
O anúncio causou polêmica entre profissionais da área e entidades representativas da categoria médica.
Para o médico e diretor do STU Felipe Monte Cardoso, o estágio proposto pelo governo federal é razoável, mas é necessário avaliar as condições em que este será oferecido.
“O problema da falta de médicos e da má distribuição desses profissionais no país está relacionado principalmente ao crescimento do setor privado, que oferece melhores salários e absorve uma maior quantidade de mão de obra. É muito difícil resolver esse problema sem mexer no modo como o setor privado se organiza no país”, afirma.
Sobre a vinda de médicos estrangeiros para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), Felipe destaca que contratações desse tipo são comuns em diversos países, entre eles o Reino Unido, onde um terço dos profissionais que atuam na rede pública não são naturais da Grã-Bretanha.
“No Brasil, o que preocupa é a possibilidade de haver um registro provisório de três anos para profissionais estrangeiros sem revalidação de diploma, o que pode gerar contratos precarizados e prejudicar o atendimento à população”.
Felipe avalia ainda que os vetos da presidenta ao projeto de lei conhecido como “ato médico”, sancionado na semana passada, evitaram que a atuação de outros profissionais de saúde como psicólogos, enfermeiros, fonoaudiólogos e fisioterapeutas passassem a ser chefiadas exclusivamente pela categoria médica.
Felipe acompanha, pelo STU, o Fórum Popular de Saúde de Campinas – movimento em defesa da saúde pública que tem reunião hoje, às 18 horas, na sede do Conselho Regional de Serviço Social (Avenida Francisco Glicério, 1329).