ABAIXO À PERSEGUIÇÃO AOS LUTADORES EM DEFESA DAS COTAS RACIAIS E DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NA USP!
No dia 14 de abril ocorreu na USP a reunião do Conselho Universitário (órgão máximo de deliberação na universidade), onde seriam pautadas mudanças no Estatuto da USP. Tais mudanças partem do tardio, reconhecimento pela reitoria do enorme desgaste de uma estrutura de poder universitária que se mantém inalterada há décadas através da qual a Universidade de São Paulo mantém seu caráter autoritário, antidemocrático, elitista e notadamente racista.
Sem perceber isso não é possível explicar o fato de que em um país com 53% da população negra, apenas 7% de seus estudantes sejam negros, enquanto entre os terceirizados a esmagadora maioria são negros. Foi para mudar esta terrível realidade que trabalhadores e estudantes protestaram no local onde ocorria a referida reunião exigindo, entre outras revindicações, que a reitoria recebesse uma comissão de estudantes e trabalhadores negros que portava um documento solicitando a implementação das Cotas Raciais na USP e que este tema fosse pauta da reunião do Conselho Universitário.
A resposta da reitoria não foi apenas se recusar mais uma vez a discutir as cotas raciais na USP, mesmo após anos da aprovação da Lei nº 12.711/2012 (que institui as cotas raciais e sociais no ensino superior), mas se recusou até mesmo a receber a representação de estudantes e trabalhadores negros e passou a perseguir e ameaçar com processos administrativos, criminais e judiciais os ativistas, dirigentes sindicais e estudantis (entre os quais já consta aberto o processo 00009828120155020042/ 42ª. Vara do Trabalho de São Paulo pedindo a demissão de Marcello “Pablito”, trabalhador negro e diretor da Secretaria de Negros e Combate ao Racismo do Sintusp) por lutar junto aos estudantes e trabalhadores em defesa das cotas raciais e da educação publica no referido dia.
Estas medidas se somam às constantes ameaças de desalojamento do Núcleo de Consciência Negra, a militarização da universidade, a ameaça de despejo da população negra das comunidades no entorno da USP revelando mais uma vez o profundo autoritarismo e o caráter antipopular, elitista e racista da reitoria desta universidade.
Pelo exposto acima, nós, abaixo assinado nos manifestamos contrários a perseguição dos estudantes, trabalhadores e professores que lutam em defesa das cotas raciais e da universidade pública, exigimos a retirada imediata dos processos administrativos,criminais e judiciais contra os lutadores! Abaixo o racismo na USP! Cotas raciais já!