Universidade aciona Judiciário contra a greve sob argumento inverídico de que teria havido fechamento de setores no HC, mas os trabalhadores da saúde seguem firmes na luta e ambulatórios reduzem o efetivo no atendimento em 20% a partir de hoje.
A reitoria da Unicamp deu, no apagar das luzes da semana passada, mais uma demonstração de intransigência e desrespeito ao direito de greve. Depois do Cruesp arrastar o reajuste zero desde o início da paralisação, que na Unicamp teve início em 23 de maio, os trabalhadores da Área da Saúde, cientes de sua responsabilidade, vinham buscando formas de garantir o direito constitucional de greve nos termos da lei, tudo discutido previamente com a direção do Hospital de Clínicas.
A adesão dos trabalhadores da saúde ao movimento começou com a paralisação de duas horas diárias entre 3 e 6 de junho.
Entre os dias 4 e 16 do mês passado, diante da impossibilidade de atendimento em função de problemas na esterilização dos instrumentos cirúrgicos, a Universidade suspendeu cerca de 800 cirurgias. Esse fato não teve nenhuma relação com a greve, mas foi derivado das péssimas condições de funcionamento do hospital e da quebra da máquina de autoclave, conforme denunciado no Boletim do STU.
Em 27 de junho, novamente em reunião dos locais de trabalho, os servidores da saúde decidiram paralisar parcialmente as atividades, estabelecendo um rodízio entre os participantes do movimento, para garantir o atendimento à lei de greve e o direito de reivindicação. Em negociação com os gestores do HC, ficou estabelecido que haveria uma escala prévia diária de suspensão do atendimento em três das 23 salas de cirurgias, de forma a garantir a participação mínima dos trabalhadores na greve. Naquele momento, a postura dos gestores foi no sentido de rodiziar as suspensões por especialidade, com comunicação antecipada, visando não causar suspensão inadvertida de procedimentos.
No dia 8 de julho novamente a administração suspendeu o atendimento em função do jogo do Brasil, e não por causa da greve.
No dia 10, os gestores solicitaram ao comando de greve e à diretoria do STU que reavaliassem o movimento, manifestando preocupação em manter o acordo estabelecido verbalmente.
No entanto, na última sexta-feira (11), o recém empossado superintendente do HC, João Batista de Miranda, questionou a presença de diretores do sindicato no corredor do Centro Cirúrgico e, mesmo informado de que haveria uma reunião sugerida pelos gestores daquela unidade hospitalar para discutir a forma de continuidade da greve, unilateralmente a administração declarou que não aceitaria paralisação na assistência, que não haveria mais nenhum acordo e que dirigentes do sindicato estariam proibidos de entrar no local – ferindo o princípio legal da livre organização sindical nos locais de trabalho, ainda mais num espaço público.
Para piorar a situação, o STU foi notificado na própria sexta-feira que um dia antes a Universidade obteve decisão judicial liminar multando o sindicato em R$ 500 mil mediante informações inverídicas de que teria havido “fechamento” de áreas do hospital.
A diretoria do STU ressalta que nunca houve qualquer obstrução à circulação de pessoas ou de espaços físicos no Centro Cirúrgico, nem impedimento de qualquer procedimento nas dependências do Centro Cirúrgico Geral e Ambulatorial do HC – a não ser por parte da Universidade, que colocou seguranças na entrada do CC para bloquear o acesso de dirigentes do sindicato.
A greve na saúde continua!
A decisão de organizar a greve foi definida pelos trabalhadores, de acordo com a lei, no contexto da greve das universidades, que permanece diante do impasse na negociação com o Cruesp.
A luta na Saúde continua, com adesão ativa dos servidores nos períodos da manhã e da tarde. E está mantida a decisão da categoria de reduzir em 20% o número de funcionários no atendimento ambulatorial a partir de hoje.