Os trabalhadores da Unicamp reunidos em Assembleia Geral, na tarde desta quinta-feira (4), aprovaram a continuidade da greve, que começou no dia 23 de maio.
Os servidores decidiram intensificar a mobilização para garantir a revogação dos descontos salariais realizados este mês pela reitoria da Unicamp, além de realizar um Ato Conjunto com os estudantes na próxima segunda-feira (8), pela manhã, em frente à reitoria, com objetivo de lutar contra as punições e sindicâncias abertas contra as duas categorias.
A categoria aposta no fortalecimento do movimento grevista e na ampliação da campanha #ForaTadeu para pressionar o reitor José Tadeu Jorge que reconhece que 3% de reajuste salarial são muito pouco, mas não apresentou nenhuma proposta viável até o momento. Os trabalhadores cobram 12,34% de reposição salarial.
A assembleia também autorizou que o STU pague os descontos salariais promovidos pela Unicamp em decorrência dos dias parados dos funcionários em greve. O pagamento será feito nos próximos dias com os recursos do Fundo de Greve e, caso necessário, serão utilizadas as reservas para a construção da nova sede da entidade, aprovadas no plano de lutas do XIII Congresso dos Trabalhadores da Unicamp.
Para utilização dessas reservas aprovadas em congresso o STU convocará Assembleia Orçamentária para aprovação dos novos custos.
Em artigo publicado no site “Juízes para Democracia” o jurista e professor livre docente de direito do trabalho brasileiro na USP, Jorge Luiz Souto Maior, afirma que “o direito do recebimento de salário é um efeito obrigacional inegável na medida em que, por lei, o não recebimento de salário somente decorre de falta injustificada ao serviço, ao que, por óbvio, não se equipara a ausência de trabalho em virtude do exercício do direito de greve. É evidente que o exercício de um direito fundamental, o da greve, não pode significar o sacrifício de outro direito fundamental, o do recebimento de salário”.
Desta forma, o STU defende que o exercício do direito de greve está mais que justificado, pois, afinal, a greve é um direito do trabalhador e o pagamento do salário um dever do gestor. O entendimento da entidade é que a reitoria está punindo o trabalhador por exercer um direito que é dele.
A diretoria do STU apresentou à assembleia uma metodologia para devolução dos descontos pela entidade. O procedimento, que foi aprovado pela categoria, se dará da seguinte forma:
- Apresentar, pessoalmente na sede do STU, cópia do holerite com o desconto dos dias parados;
- Assinar Termo de Compromisso junto ao STU para devolução total dos valores assim que a reitoria pagar os descontos salariais (revogar efetivamente o corte de pontos);
- Sindicalizar-se no momento do credenciamento, caso ainda não seja sindicalizado;
- Se tiver débito com o sindicato, de greve(s) anterior(es), o funcionário deverá negociar com a entidade.
A próxima Assembleia Geral está marcada para quinta-feira (11). E na segunda-feira (8) acontece mais uma reunião do Comando de Greve com objetivo de organizar o calendário de lutas e discutir a judicialização da greve e os efeitos de uma possível ação de dissídio.