Na linha de frente do combate à pandemia que vitimou mais de 50 mil vidas no país, trabalhadores e trabalhadoras da Saúde da Unicamp fazem ato para denunciar a pressão no ambiente de trabalho e o adoecimento de colegas motivados pelo descaso dos governos e da reitoria com as condições precárias de trabalho nos hospitais.
Em meio a inúmeras denúncias de negligências provocadas pelo descaso e desrespeito com a vida dos trabalhadores e trabalhadoras da Saúde da Unicamp, que estão na linha de enfrentamento à pandemia da Covid-19, foi realizado um ato hoje pela manhã (23/06). Em frente à rampa de acesso ao Hospital das Clínicas da Unicamp os profissionais denunciaram as condições precárias de trabalho e exigiram dos governos (Federal, Estadual e Municipal) e da reitoria mais proteção.
Que esses trabalhadores estão expostos aos riscos de morte, podendo ainda contaminar seus familiares, infelizmente todo mundo já sabe. Mas por que depois de 100 dias de combate à pandemia eles ainda sofrem com a falta de segurança e precisam denunciar as condições precárias do Complexo Hospitalar da Unicamp para serem ouvidos, é uma realidade que não dá para entender nem aceitar.
Estamos atravessando uma crise sanitária onde o agravamento da situação se deve à omissão do governo Bolsonaro, que age sem nenhum apreço ao povo e aos trabalhadores. Por outro, o governo de estado e o prefeito de Campinas, ao liberar o comércio, passa mensagem equivocada à população agravando ainda mais a situação e o estrangulando do sistema público de saúde e, junto com ele, seus trabalhadores.
O ato “As Vidas dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Saúde Importam!”, convocado pelos funcionários com apoio dos estudantes da Unicamp, serviu também para denunciar a irresponsabilidade desses governos que ao liberar o comércio não essencial incentivam o descumprimento do isolamento social e contribuem para lotar os leitos e sobrecarregar o atendimento, colocando em risco as vidas dos trabalhadores e da população só para preservar o lucro dos empresários.
Se tudo isso não bastasse, tem ainda o reitor Marcelo Knobel que decidiu jogar as contas da crise do serviço nas costas desses trabalhadores que já sofrem com a pressão no ambiente de trabalho e as incertezas se vão contagiar ou nãos os pacientes e suas famílias. São tantos problemas, entre eles, a dificuldade no acesso aos EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais), protocolos confusos, ampliação de testes para detecção de Covid-19, aumento de casos de contaminação e afastamentos de funcionários, além de corte de direitos e redução de salários e jornadas dos trabalhadores da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp). Tudo isso contribui para aumentar a pressão e a precarização do trabalho.
De acordo com, Elisiene Lobo, funcionária do Caism e uma das organizadoras da manifestação, as dores que mais afligem os profissionais são a incerteza e a precariedade das condições de trabalho. “O ato foi extremamente importante para chamar a atenção da população para o desrespeito com os trabalhadores e trabalhadoras da Saúde. E também cobrar dos governantes e dos gestores da Unicamp providências urgentes para evitar que mais trabalhadores se exponham ao risco desnecessário ou adoeçam por conta do local de trabalho. A situação dentro da Unicamp não está boa. A enfermagem, zeladoria, higiene, portaria e segurança precisam lidar diariamente com a pressão e sobrecarga de trabalho e sofrem em silêncio por não saber se estão contaminando os pacientes, ou se ao voltar pra casa vão contaminar suas famílias. É como se estivéssemos indo pra guerra de peito aberto, sem nenhuma proteção e apoio”.
Em solidariedade, os estudantes se somaram à manifestação dos trabalhadores da Saúde e também promoveram um twittaço com a #SaúdeDaUnicampEmLuta para reforçar o descaso dos governos e da reitoria e chamar a atenção da população para as condições de trabalho degradantes desses profissionais que arriscam suas vidas para salvar as nossas.
O Brasil está em um nível de transmissão comunitária muito preocupante. Segundos dados da Secretaria Estadual da Saúde, na última semana, pela primeira vez as cidades do interior registraram mais novos casos que a capital.
Com mais de 50 mil mortes e 1 milhão de infectados no país, os trabalhadores e as trabalhadoras da Saúde fazem um alerta importante: a Unicamp é um dos centros de referência no Combate à Covid-19 no estado de São Paulo. Estamos vivendo um momento crítico da pandemia, é dever dos gestores oferecer medidas adequadas de prevenção para quem está na linha de frente desse combate ao vírus.
Quanto mais leitos forem abertos sem reposição de funcionários, mais irresponsabilidade e incerteza são geradas na vida desses profissionais. Os funcionários precisam ter acesso reforço nos EPIs, ampliação de testes, contar com mais contratações e melhores condições de trabalho, além de ter direito de participar das decisões que envolvem o ambiente de trabalho e a preservação das vidas, especialmente das suas vidas.
O STU tem insistido junto à Administração da Unicamp na proposta de formação de uma Comissão Técnica com gestores e funcionários da Área de Saúde da Unicamp, que fiscalize o cumprimento dos protocolos e discuta os problemas apresentados pelos trabalhadores. Mas até o momento não obteve retorno.
Basta de irresponsabilidade dos governos e descaso da reitoria, #SaúdeDaUnicampEmLuta porque #AsVidasDosTrabalhadoresDaSaúdeImportam.
Não se esqueça, #FiqueEmCasa.