Nota do STU sobre o incidente ocorrido na Unicamp no último sábado (21) e sobre a presença da PM no campus

Em relação ao incidente que culminou na morte do estudante Denis Papa Casagrande, aluno do curso de Engenharia de Controle e Automação, durante uma festa realizada dentro do campus de Barão Geraldo no último sábado (21), o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) vem a público solidarizar-se com familiares e amigos do estudante. Contudo, enquanto entidade representativa dos trabalhadores técnico-administrativos da Universidade, o STU também vem cobrar da reitoria a responsabilidade no que diz respeito à discussão democrática de políticas de segurança para o campus de Barão Geraldo e seu entorno.

Por políticas públicas entendam-se medidas não repressivas, que tenham como objetivo garantir a segurança da comunidade universitária sem impedir a livre circulação de pessoas pelos espaços da instituição, uma vez que a Unicamp é uma universidade pública e presta serviços essenciais à comunidade. O melhor exemplo disso é o Hospital de Clínicas, por onde passam mais de 10 mil pessoas todos os dias, a maioria delas moradores da Região Metropolitana de Campinas.

A discussão sobre políticas de segurança na Unicamp não é nova. Trata-se de uma reivindicação antiga da comunidade acadêmica que as diferentes gestões da reitoria nunca atenderam. Ao contrário, prefeririam investir de forma indiscriminada na compra de equipamentos milionários de monitoramento, avançar na terceirização da vigilância do campus e deixar de contratar novos profissionais de segurança por meio de concurso público, tornando o serviço prestado à comunidade cada dia mais precário. Péssimas condições de trabalho, aliadas a orientações absurdas das chefias, são os fatores determinantes para um serviço que não atende às necessidades da comunidade universitária. Isso sem contar com a presença constante da Polícia Militar, principalmente em momentos de mobilização dos trabalhadores ou estudantes.

Na contramão das políticas de segurança repressoras adotadas pelas últimas reitorias, a atual gestão do STU defende a criação de instrumentos de participação da comunidade universitária na elaboração de políticas de segurança. O sindicato acredita que é necessário, antes de tudo, ouvir a comunidade e compreender os problemas enfrentados por ela no seu cotidiano, sem recorrer a soluções repressivas.

O sindicato também defende que os profissionais de vigilância do campus sejam contratados por concurso público, com o fim das terceirizações. A adoção pela vigilância de uma política de segurança que se preocupe em garantir a integridade de toda a comunidade acadêmica, e não seja tratada como “guarda particular” da alta cúpula da universidade. Muitas vezes se vendo obrigada a cumprir ordens que contrariam os interesses dos trabalhadores e estudantes.

Durante uma entrevista coletiva concedida à imprensa na manhã desta sexta-feira (27), a pró-reitora de Desenvolvimento Universitário Teresa Atvars anunciou que a Universidade aceitou a ajuda da Polícia Militar proposta pelo governador Geraldo Alckmin e que, a partir de hoje, a PM está autorizada a circular em todos os campi da instituição. Essa decisão foi tomada de forma unilateral sem consulta prévia às instâncias decisórias da Universidade e sem qualquer debate com a comunidade universitária e com as entidades a representam (DCE, STU e Adunicamp).

Sobre esta medida, é importante destacar que o STU sempre se opôs à presença da Polícia Militar no espaço universitário, por entender que a prática do policiamento ostensivo não combina com o espírito da universidade pública, que deve ser um lugar de manifestação e pensamento livre, crítica, debate e, sobretudo, do diálogo.

Nunca é demais lembrar que, em 2002, a Polícia Militar foi responsável pela morte do estudante Elgim Tito Borges Júnior, de 22 anos, durante um assalto a uma agência do Banespa no antigo Centro Superior de Educação Tecnológica (Ceset), hoje Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/Unicamp), situada em Limeira.

Dessa forma, o sindicato também rechaça a possibilidade de punição administrativa e criminal de qualquer membro da comunidade universitária envolvido na organização da festa realizada no último dia 20/09, por entender que a responsabilidade pelo ocorrido é da administração da Universidade.

Por fim, o STU reforça que sempre defendeu a utilização do campus para atividades de convivência e lazer, por compreender que a universidade pública não deve se esgotar em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. No entanto, acredita que para que isso aconteça com segurança, é necessário que a reitoria mude sua postura e ouça de fato os anseios de estudantes e funcionários.

Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp

27 de Setembro de 2013

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1 comentário até agora

JoãoPostado em6:53 pm - set 27, 2013

O texto possui um erro: o antigo Ceset não é a atual FCA como diz, e sim FT – Faculdade de Tecnologia

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