Rodrigo Cruz
Estudantes da Unicamp utilizaram as redes sociais neste fim de semana para denunciar diversos casos de agressões homofóbicas ocorridas dentro da Universidade na última quinta (14) e sexta-feira (15) durante as festas da “Calourada Integrada” e “Babado de Verão”, respectivamente.
De acordo com o depoimento do estudante agredido durante a “Calourada Integrada” do DCE na quinta-feira, tudo começou quando ele e o rapaz que estava em sua companhia foram hostilizados por um homem não identificado que usava uma máscara. Posteriormente, um grupo de cerca de oito homens lançou uma garrafa de vidro contra ele. Indignado, o estudante cobrou satisfações do grupo, que respondeu com socos e pontapés. Um dos agressores chegou a dizer que portava um instrumento perfurante e que poderia usá-la a qualquer momento. Duas testemunhas chegaram a presenciar o ataque e prestaram socorro à vítima, dispersando os agressores.
Ainda abalados, os dois rapazes denunciaram publicamente o ocorrido no palco da festa. O evento foi interrompido em solidariedade e os militantes do DCE conseguiram identificar os autores do ataque a partir de relatos das vítimas. Segundo informações da entidade, os agressores não possuem vínculo com a Universidade. Por telefone, a diretora do DCE Unicamp Débora Lima lamentou o ocorrido e reforçou que o Diretório Central dos Estudantes atua cotidianamente no combate à homofobia, lesbofobia e transfobia por meio de ações de conscientização aos estudantes.
Violência obriga estudantes a encerrarem festa mais cedo
Na sexta-feira, as agressões homofóbicas se repetiram durante a festa “Babado de Verão”, organizada por estudantes LGBT como parte da programação da “Calourada Colorida”. Segundo testemunhas, os ataques físicos e verbais a gays, lésbicas e travestis ocorreram no entorno da festa, realizada no Ciclo Básico, e também próximo aos banheiros, onde os participantes eram abordados de forma violenta. Por diversas vezes, a organização do evento precisou interromper a música para denunciar novos casos de agressão e alertar os participantes sobre possíveis ataques. Por questões de segurança, a festa foi encerrada mais cedo.
Em nota divulgada neste fim de semana, a organização da Calourada Colorida, cuja programação continua esta semana, lamentou o ocorrido e pediu aos participantes do “Babado de Verão” que sofreram algum tipo de agressão que denunciem o fato por meio de mensagem privada ao perfil da Calourada no Facebook. O objetivo é fazer um registro dos casos e obter “um panorama mais detalhado dos acontecimentos”. Procurado pela nossa reportagem, o DCE também lamentou as agressões ocorridas na “Calourada Colorida”.
O STU repudia os casos de agressão homofóbica, lesbofóbica e transfóbica contra estudantes da Unicamp e toda a forma de violência física, verbal e simbólica que tenha como objetivo desqualificar pessoas não-heterossexuais por sua orientação sexual ou identidade de gênero. A gestão “Vamos à Luta” tem encampado diversas ações de combate à homofobia, conscientização da comunidade universitária sobre temas relacionados aos direitos humanos e, mais recentemente, da luta contra a nomeação do Deputado Federal Marco Feliciano, conhecido por suas declarações racistas e homofóbicas, à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.
“Fora Feliciano” em Campinas
No último sábado, o STU esteve presente no ato “Fora Feliciano!” em Campinas, do qual foi um dos organizadores. Representantes da sociedade civil, de diferentes entidades e partidos políticos pediram a saída do deputado da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Para o sindicato, os casos de violência na Universidade e na sociedade de uma maneira geral estão diretamente relacionados com o avanço conservador no Congresso Nacional e na demais esferas da vida pública.