Veja o discurso realizado pela direção do STU na Assembleia Universitária no dia 15 de outubro.
Além de defesa da autonomia universitária, discurso aborda problemas enfrentados pela categoria dos técnicos administrativos e aponta erros das gestões e caminhos para a construção de uma universidade pública, gratuita, inclusiva e socialmente referenciada.
Em nome do STU queremos cumprimentar toda a comunidade presente e saudar essa Assembleia Universitária histórica, reafirmando o nosso compromisso com a universidade pública, gratuita, inclusiva e socialmente referenciada.
A autonomia das universidades paulistas é uma conquista que teve início em um processo de mobilização e greve que culminou com do decreto de 1989.
O STU tem orgulho de participar de todas as lutas que ao longo desses 30 anos de existência da autonomia nos fez mais fortes. Todos os ataques à autonomia foram respondidos à altura. Foi a mobilização das comunidades da USP, Unicamp e UNESP que fez aumentar os recursos orçamentários por duas vezes. Foi a mobilização que barrou os decretos do Serra que feriam de morte a autonomia.
Quando os acordos não passaram pelo processo de mobilização o resultado é que as universidades tomaram um “passa-moleque” do governador, como aconteceu com Limeira. Até hoje não recebemos os 0,005 a mais na arrecadação.
O STU também se orgulha de ser a primeira entidade do campus a pautar a discussão das cotas raciais e apontar que a política de inclusão, além de ser um instrumento de justiça social, serviria também para fortalecer a universidade pública e a democracia.
Hoje estamos aqui mais uma vez para defender a AUTONOMIA. Uma política ultra neoliberal e fundamentalista, vitoriosa nas últimas eleições, quer limitar a universidade na sua capacidade de pensar e produzir conhecimento. O desejo deles é amordaçar as universidades para que não sejam instrumentos de liberdade, compromisso social e defesa da soberania do nosso país.
Esse é o papel que a CPI da ALESP cumpre quando ataca a autonomia da Unicamp, USP e UNESP.
Seguiremos resistindo! Essa assembleia cumpre o papel importante de juntar a comunidade da Unicamp para somar forças contra os ataques. Para sobreviver precisamos ser fortes e estar unidos enquanto comunidade. É preciso também contagiar a USP e UNESP com esse espírito.
Mas precisamos ir além de nós. A Unicamp, assim como a USP e UNESP, é força motora no nosso Estado na produção do conhecimento, da ciência e da tecnologia. São instituições que impulsionam o desenvolvimento intelectual, cultural e econômico da sociedade. Prestam serviços relevantes à sociedade, como no caso da área de saúde da Unicamp. Por isso nosso diálogo com a sociedade tem que ser ampliado.
O STU é uma entidade sindical que defende a universidade pública e os trabalhadores da Unicamp. Tem compromisso com a autonomia e entende que é no ambiente de diálogo e tensão que avançamos. Por isso a autonomia tem que ser fonte de ampliação da democracia.
Nossas lutas permitiram conquistas políticas e econômicas importantes ao longo desses trinta anos de autonomia.
É necessário reafirmar que uma universidade de qualidade se faz respeitando e reconhecendo o valor de seus trabalhadores, sejam eles técnicos administrativos ou docentes;
Ao longo dos anos de autonomia temos combatido a política de precarização e terceirização do trabalho, reafirmando a defesa do concurso público. A Unicamp foi das instituições públicas a pioneira nos processos de terceirização.
Temos convicção que esse processo dividiu e enfraqueceu os trabalhadores. Enfraqueceu também a Unicamp que ficou mais elitizada.
Nesse momento há a possibilidade de cerca de 300 trabalhadores da área de alimentação serem demitidos por causa do questionamento do Contrato de Gestão da Fundação com a Unicamp. É preciso lutar para garantir o respeito a esses trabalhadores e seus empregos – que é o instrumento de sustento de suas famílias.
Acabamos, também, de passar por um processo avaliatório com muitos descontentamentos, onde predominou um viés individualista e tecnocrata do processo de trabalho. O STU ao longo de sua história tem apontado que a construção coletiva do trabalho deve pautar os processos de avaliação e de construção da gestão, buscando fortalecer a instituição pública. As sucessivas reitorias apostam no controle de gestão como instrumento de poder e se recusam a colocar o conjunto dos trabalhadores como parte efetiva da construção da universidade. Por isso as nossas carreiras são tratadas como carreira da gestão e não da instituição.
Isso também vale para os espaços de participação na Universidade. Nossa representação é reduzida e não expressa o papel e a importância dos técnicos administrativos e dos estudantes. Lutamos e precisamos da Paridade para que o equilíbrio sirva para fortalecer a democracia e a autonomia, observando inclusive a presença e representação externa.
Temos muitas questões a levantar. São parte da nossa pauta – seguiremos lutando por elas. Mas não vemos nessas lutas e pautas nenhuma contradição com a defesa da Autonomia. A autonomia e a democracia devem caminhar com a defesa da Universidade pública. Ela – a autonomia – não deve ser fonte de privilégios e sim de compromisso social para caminharmos para uma sociedade mais justa.