Democracia Racial e o papel da universidade na promoção da igualdade

O Brasil é um país racista e negar essa afirmação é ignorar a grave situação de preconceito social e racial pela qual passam os negros brasileiros, que são vítimas de ataques racistas há séculos e até hoje lutam por uma reparação, mesmo que tardia.
Com o tema a “Democracia Racial”, o debate promovido pelo STU ontem pela manhã (31) levou funcionários e estudantes a discutirem a questão racial dentro e fora da Universidade. A mesa foi composta pela estudante do Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS), Cláudia de Oliveira; Iedo Ferreira, do MNU/RJ; pelo historiador, escritor, membro do Quilombo Raça e Classe, militante do PSTU/CSP Conlutas, Wilson Honório da Silva e pelo membro do Núcleo de Consciência Negra da Unicamp e diretor do STU, Teófilo Reis.
Assuntos como o mito da democracia racial, preconceito, autodeclaração étnico-racial, cultura afro-brasileira, racismo institucional, cotas raciais, religiões de matriz africana, imagem do negro nos veículos de comunicação, ação policial nas periferias e discriminação por gênero permearam as discussões que se estenderam por quase três horas.
A intenção do debate foi discutir também os conflitos e intolerâncias evidenciados nos últimos anos através de pichações e ofensas dirigidas aos negros presentes nas universidades brasileiras. Além de reforçar a cobrança de que a Unicamp implante políticas de cotas raciais nos vestibulares e concursos públicos.
As exposições da mesa foram no sentido de descontruir o mito da democracia racial, que questiona a existência do racismo em um país tão etnicamente misto como o Brasil, tendo como paralelo a situação da Unicamp que não é diferente do que acontece na sociedade como um todo.
Vale destacar que o STU acredita que a Universidade tem um papel importante na promoção da igualdade racial e, por isso, o sindicato sempre teve uma postura muito firme de combater o racismo e defender as cotas raciais nas universidades públicas estaduais, bandeiras essas que foram aprovadas no XIII Congresso dos Trabalhadores da Unicamp.
Na avaliação do sindicato o debate apresentou uma discussão rica e proveitosa, que esperamos repetir em outras oportunidades durante a greve. “O encontro foi muito enriquecedor permitindo que a categoria se apropriasse de questões importantes para a sociedade brasileira. A receptividade ao debate aponta que devemos continuar fomentado essas discussões na universidade”, explicou Teófilo Reis. Ele destacou ainda a importância desses debates onde temas como o combate ao racismo institucional podem ser discutidos mais amplamente, para além das salas de aula ou das pesquisas acadêmicas.

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