Nesta quinta-feira (21), às 9h30, no Instituto de Economia (sala 3), acontece mais uma rodada de depoimentos da Comissão da Verdade e Memória “Octavio Ianni” da Unicamp.
Na ocasião serão ouvidos os testemunhos do professor Rubens Murillo Marques e do Batata (Ronaldo Simões Gomes), militantes importantíssimos na construção da história da Universidade Estadual de Campinas e no combate à Ditadura Militar no Brasil.
Para a presidente da comissão, professora Maria Lygia Quartim de Moraes, “os trabalhos de uma comissão da verdade não são importantes somente para as vítimas da ditadura, que ganham voz através dela, mas para a sociedade de modo geral, que passa a ter novos elementos para avaliar de forma crítica aquele período e os episódios a ele relacionados”.
As declarações serão transmitidas ao vivo pelo coletivo Socializando Saberes no site http://socializandosaberes.net.br/.
Confira abaixo o perfil de cada depoente:
Professor Rubens Murillo Marques
Rubens Murillo Marques formou-se bacharel em Física pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1960. No ano seguinte, ingressou no ensino universitário no Departamento de Estatística da Faculdade de Higiene e Saúde Pública da mesma instituição. Em 1965 tornou-se livre docente, ainda pela USP.
A partir de 1966, passa a integrar o corpo de docentes e pesquisadores da recém-formada Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a convite de Zeferino Vaz. Fez parte, portanto, do grupo dos primeiros docentes contratados pela universidade, no processo de sua formação e instalação. Ligado à área de matemática, Rubens Murillo teve papel de destaque na criação do Instituto de Matemática, sendo seu primeiro diretor. Nessa função, atuou intensamente na criação de cursos pioneiros no cenário acadêmico brasileiro, como o curso de Estatística e o de Ciência da Computação. Integrou também outras instâncias de decisão importantes, ao presidir a Câmara Curricular (1969-1971) e ser Coordenador de Curso Superior (1972-1975).
Em sua história como professor da Unicamp, chegou a ser preso durante 15 dias e sofreu processo junto à Justiça Militar, no contexto da perseguição e repressão perpetrados pela ditadura instaurada no Brasil em 1964. No desenrolar do inquérito policial, foi inocentado da acusação. O caso, no entanto, acarretou seu afastamento do cargo de diretor do Instituto de Matemática.
No ano de 1986, o professor se transferiu do IMECC para o Instituto de Economia da Unicamp, e veio a se aposentar pela universidade três anos depois.
Batata (Ronaldo Simões Gomes)
Nasceu em Ribeirão Preto, mas a partir do ano de 1971 passou a residir em Campinas, onde ingressou, no mesmo ano, no Curso de Engenharia Elétrica, deixado o curso em espera a partir de 1974, na expectativa da abertura do Curso de Música. Teve uma formação universitária bastante diversificada, matriculou-se em disciplinas eletivas da área de Humanas e da área pedagógica, também estudou música com o Maestro Benito Juarez e com sua equipe no Coral USP. Em 1978 passou a cursar Ciências Sociais e se formou em meados de 1980. Já em 1982, foi aprovado para o mestrado em História na Unicamp, cumprindo com os créditos entre 82 e 83.
Foi ativo desde o ingresso na universidade, atuou de maneira afluente na área cultural, participou da criação do Coral da Unicamp em 1971, atuou de início como cantor, depois como monitor de ensaios e de técnica vocal, foi coordenador do Coral e regente assistente em 1976 (sem nenhum vínculo empregatício ou de bolsista com a Unicamp).
Na militância estudantil, participou da equipe do Jornal do CACE (Centro Acadêmico de Ciências Exatas) entre 1971 e 1973, da administração do Centro de Convivência do campus (1972 – 1974), e da gestão coletiva do Laboratório Fotográfico do Centro Acadêmico Bernardo Sayão (1973 – 1980) que implementou cursos de iniciação fotográfica a todos os anos,entre 1975 e 1980.
Participou da organização de Feiras de Arte na Unicamp em 1972.
Envolveu-se ativamente das manifestações estudantis do período 1977-1979, e da estruturação do DCE Unicamp, sendo da Gestão Fênix, direção da entidade no período 1982 e 1983, quando assumiu uma das cadeiras da representação estudantil no Conselho Diretor da Universidade.
Nas lutas políticas extramuros, pôde acompanhar o processo de criação da Secretaria Municipal de Cultura, interferindo no debate sobre a destinação dos espaços públicos instituídos no Governo Lauro Péricles (1973 – 1977). Além da atuação em outros movimentos relacionados a questão cultural e artística.
Fez parte da Sucursal do Jornal Movimento, atuando como fotógrafo, e na redação do Jornal Repórter da Região, participou da assessoria de comunicações da Assembleia do Povo, no período agudo do confronto com a municipalidade, na busca pela Lei da Terra.
No campo político partidário, atuou na ala autêntica do MDB local, no enfrentamento com o grupo do Senador Orestes Quércia, entre 1978 e 1979, e em 1980 contribuiu na fundação do Partido dos Trabalhadores de Campinas, onde milita até os dias atuais.