Nota de solidariedade à luta dos trabalhadores da Unicamp
http://cspconlutas.org.br/2018/07/ha-mais-de-40-dias-em-greve-trabalhadores-da-unicamp-nao-sao-ouvidos-e-sofrem-repressao/
Após mais de 40 dias em greve, os trabalhadores e trabalhadoras da Unicamp seguem mobilizados mas ainda sem avançar nas negociações. A categoria que está há 4 anos sem receber o reajuste da inflação, avalia que há uma defasagem de, pelo menos, 12,6% de acordo com a inflação do último período.
Para as negociações, foi eleita uma comissão que se dirigiu à Reitoria no último dia 3/7. A Reitoria enviou um representante, que alegou que não tinha poderes para negociar, solicitando à comissão que aguardasse o Reitor. Desde esta data, a comissão se mantém aguardando o Reitor na sala da Reitoria. Na quarta (4), a Reitoria tentou enganar os trabalhadores, chamando-os para uma reunião em um local e dirigiu-se para outro.
Violência – Nesta quinta-feira (5), os trabalhadores da comissão tentaram ir para suas casas para higienizar, alimentar e ver seus familiares. Neste momento, um grupo faria a substituição na comissão, mas foram brutalmente agredidos pelos seguranças da universidade.
Uma senhora de 62 anos que estava no local relatou que “seguraram [seguranças] meu braço de maneira violenta, fiquei imobilizada e o braço ficou roxo! Depois ele me arremessou longe, eu caí no chão”, conta Ester Lopes Dias, que precisou, inclusive, fazer exame de corpo delito junto ao IML.
Frente a tamanha truculência, a assembleia geral dos trabalhadores realizada hoje (5), deliberou pela continuidade da greve e na defesa da companheira agredida, aprovando moção de repúdio à Reitoria e sua violência.
A luta dos trabalhadores – A categoria aponta as péssimas condições de trabalho e saúde em que se encontra devido aos cortes no funcionamento da Universidade e, especialmente, da área hospitalar do HC (Hospital de Clínicas) e CAISM (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher) (CAISM).
É gritante o número de doenças físicas e psíquicas que ocorrem nesses espaços. “As enfermeiras sequer têm espaço apropriado para descansarem. Tem um setor, que é o único espaço para sentarem, após uma intensa jornada de trabalho, que é em cima do lixo”, explica Adriana Stella, da Coordenação Estadual da CSP-Conlutas, funcionária da Unicamp e diretora da Fasubra.
Mesmo com toda essa situação, a Reitoria da Unicamp se nega a atender a pauta de reivindicações alegando crise econômica. Para a trabalhadora, entretanto, o discurso da crise é contraditório. “A universidade alega que não tem dinheiro para nossos salários e oferece apenas 1,5%. Isto representa menos de R$ 50 para cerca de 3000 trabalhadores. No entanto, têm salários para cúpula universitária que ultrapassam R$ 50 mil e são os chamados ‘super salários’”, alega Adriana.
Outra situação de desconforto na comunidade acadêmica foi com relação às prioridades da Unicamp. “A Reitoria se moveu, indo à Assembleia Legislativa e ao Governo de Alckmin, na época, para negociar uma mudança na constituição estadual para aumentar os maiores salários, chamado o ‘teto do funcionalismo’, beneficiando cerca de 1300. Mas não fez a mesma movimentação para garantir o aumento do piso salarial dos mais 7000 funcionários e cerca de 2000 docentes. Nós temos cerca de 80% dos técnico-administrativo no piso”, completa Adriana.
A sindicalista avalia ainda que essa movimentação é desigual e que “com isso, um número pequeno terá possibilidade de receber cerca de R$ 8000 a mais por mês, podendo ter salários de R$ 30 mil, enquanto para a grande maioria, que recebe os menores salários, receberão menos de R$ 50”, explica.
O impasse foi ampliado quando a reitoria anunciou o corte de ponto. De acordo com informações da Reitoria, cerca de 400 trabalhadores sofreram cortes salariais em decorrência do movimento de greve. Frente à falta de diálogo, contra o corte de ponto e buscando negociação, os trabalhadores decidiram em assembleia pedir nova reunião de negociação.
A CSP-Conlutas expressa solidariedade aos trabalhadores da Unicamp que seguem em luta reivindicando direitos e enfrentando a falta de diálogo e violência por parte da Reitoria. Total apoio!