Hoje à tarde (26) os/as trabalhadores/as presentes à Assembleia Geral aprovaram a criação de uma comissão de mulheres para averiguação das denúncias de violência de gênero ocorridas em atividades sindicais por um dirigente do STU.
A comissão é composta por cinco trabalhadoras da base, incluindo mulheres aposentadas, com objetivo de acolher as vítimas e apurar as denúncias.
A comissão terá o prazo de 15 a 30 dias para elucidar os fatos e apresentar os encaminhamentos dessas averiguações em uma nova assembleia convocada para esse fim.
Também foi aprovada a elaboração de uma campanha de conscientização que prevê cursos, plenárias, cartilhas e rodas para discutir e combater o assédio dentro do STU e nas instâncias da Unicamp.
Relembrando o caso
Ainda que o STU tenha uma Coordenação de Mulheres para tratar destes assuntos, não foi possível instaurar uma comissão paritária para acolher e investigar as denúncias por falta de participação de um coletivo que compõe a diretoria do STU.
Diante disso, a diretoria deliberou pelo envio do caso para apuração pela Fasubra, adiando quaisquer providências até o relatório final da Federação.
Infelizmente a Fasubra também não conseguiu tocar a apuração por conta da greve das federais que segue desde o ano passado.
Política de enfrentamento à violência de gênero é falha
É consenso que a violência de gênero é um ataque grave e fere profundamente o direito das mulheres.
Recentemente, presenciamos os casos lamentáveis dos ex-jogadores da seleção brasileira, Daniel Alves e Robinho acusados de agressão sexual.
Daniel recebeu liberdade provisória na Barcelona/Espanha, nesta segunda-feira (25), após pagamento de fiança de cerca de R$ 5,4 milhões, e vai aguardar em liberdade os próximos passos do processo. E Robinho foi finalmente preso, quinta-feira passada (21), devido à condenação de estupro coletivo proferida pela justiça italiana em 2017.
Quando a impunidade impera, a vítima tem a sua dignidade violada duas vezes: pela agressão em si e pela falta de punição do culpado.
A comissão é necessária tendo em vista que no Estatuto Social e Regimento Interno da Diretoria não constam orientações a respeito de denúncias dessa natureza.
Por conta da relevância do tema e das dificuldades enfrentadas no sindicalismo, ficou evidente a necessidade urgente de abrir espaço para a discussão sobre enfrentamento à violência de gênero no ambiente de trabalho, bem como a construção de políticas de gênero no meio sindical.