Os trabalhadores da Unicamp sempre lutaram para que os salários sejam isonômicos entre as três universidades estaduais paulistas. Em 2011, após uma greve de mais de dois meses, o tema voltou ao centro das discussões na Universidade, levando a que todas as candidaturas à reitoria no pleito realizado no início do ano seguinte tivessem que se manifestar sobre o tema. O vencedor da consulta, que teve ampla maioria de votos dos trabalhadores técnico-administrativos, comprometeu-se em seu programa de gestão a “restabelecer a igualdade dos salários da Unicamp com os da Universidade de São Paulo (USP), “nos dois primeiros anos da gestão”.
Em junho de 2013, em ofício ao STU, o reitor José Tadeu Jorge reiterou o compromisso firmado, estabelecendo o prazo de abril deste ano para encerrar o processo de recomposição da isonomia. No entanto, este prazo venceu e, após muitas idas e vindas, cobranças, discursos do reitor de que a efetivação estaria “condicionada à arrecadação do ICMS e poderia nem ser viabilizada, a mobilização da categoria para ir a um nova greve levou a reitoria a apresentar novo cronograma para efetivação da paridade salarial com a USP. Pela nova proposta, aprovada em assembleia no dia 25 de maio, quando a arrecadação estadual deste ano chegar a R$ 92,2 bilhões será garantida uma referência para todos os servidores, exceto os já isonômicos (118 funcionários enquadrados no nível 01-F).
Além disso, está pactuado que:
Se a arrecadação estadual do ICMS chegar em R$ 94 bilhões, é possível garantir mais uma referência no nível médio e superior para os servidores que estão abaixo do piso;
Com R$ 94,5 bilhões, é possível garantir mais uma referência para todos os servidores que estão abaixo do piso;
E se o acumulado do ICMS atingir R$ 95,2 bilhões será possível garantir mais uma referência para todos e eliminar o saldo residual, completando o processo de efetivação da isonomia.
Embora não seja a efetivação da “isonomia já!”, como a categoria vem cobrando há cinco anos, os trabalhadores e trabalhadoras em assembleia precedida de dezenas de reuniões de unidades consideram um avanço importante a Universidade reafirmar o reconhecimento do direito à isonomia, impedindo que a conta da crise seja jogada sobre as costas daqueles que têm um papel fundamental na construção cotidiana da excelência da Unicamp.
Esse desenrolar das negociações internas à Unicamp ganhou ainda mais importância diante da lamentável postura do reitor da USP e presidente do Cruesp, Marco Antônio Zago, de encerrar unilateralmente as negociações com o Fórum das Seis encaminhando ao Conselho Universitário daquela Universidade a votação da proposta apresentada às entidades pelos reitores e reconhecidamente insuficiente até para a cobertura das perdas inflacionárias de maio/2014 a abril/2015.
O Fórum das Seis havia reafirmado disposição em negociar. Diante da realidade da crise, as categorias decidiram majoritariamente até discutir os 3% de reposição de perdas acumuladas se fosse garantido o índice de reajuste de 8,35% do ICV-Dieese. Como a proposta foi negada pelo Cruesp, o Fórum propôs que pelo menos os 7,21% de reajuste oferecido fossem pagos integralmente na data-base (em maio deste ano). E ainda numa última tentativa de negociação, o Fórum cobrou que o parcelamento fosse de 5,36% em maio e 1,76% em junho.
A preocupação das categorias, em toda a negociação, foi defender as universidades e valorizar os trabalhadores, visando assegurar melhores condições de trabalho e salário, e minimizar as perdas salariais já acumuladas. No entanto, o Cruesp mais uma vez mostrou indisposição em efetivar uma negociação real, recusando todas as propostas do Fórum e criando um fato consumado com a votação no CO/USP.
Por isso, os trabalhadores da Unicamp, em unidade com o Fórum das Seis, seguirão na luta:
– Pela retomada da isonomia entre os servidores das três universidades estaduais paulistas;
– Pela aprovação das propostas apresentadas pelas entidades à LDO/2016, visando ampliar o financiamento da Unicamp, USP, Unesp e Centro Paula Souza;
– Pela extensão do auxílio alimentação aos aposentados das três universidades;
– Pela garantia da reunião com a qual o Cruesp se comprometeu em setembro deste ano, a fim de avaliar as possibilidades de avanço nas negociações salariais;
– Pela aprovação da pauta específica na Unicamp.