Três referências é pouco!

Confira abaixo depoimento publicado no Facebook, em 15 de agosto, pelo professor livre-docente do Departamento de Ciência Política e diretor acadêmico do Arquivo Edgard Leuenroth, Álvaro Bianchi, sobre a luta dos funcionários técnico-administrativos da Unicamp pela isonomia:

professor_alvaro_bianchi

 

 

 

 

 

 

 

 

Professor Álvaro Bianchi

“A moção encaminhada por um grupo de professores da Universidade Estadual de Campinas à reunião do Conselho Universitário do dia 5 de agosto, manifestando-se contrariamente à isonomia salarial dos trabalhadores técnico-administrativos é uma expressão do amesquinhamento da vida acadêmica e de ignorância a respeito do funcionamento da universidade. Apresentada depois dos trabalhadores docentes obterem um abono salarial que coletivamente consideramos uma conquista da greve, ainda que parcial e provisória, a proposta enviada ao Consu atesta uma concepção elitista e oportunista.

Trata-se de um sintoma do grau de deterioração das relações no interior da comunidade acadêmica. As razões dessa deterioração estão para serem investigadas, mas inquirir a respeito de clusters privados no interior da universidade pode ser uma boa pista. Evidentemente os interesses que se manifestaram na moção não dizem respeito à produção de conhecimento e ao ensino; enfim, são claramente extra-acadêmicos.

Como diretor acadêmico do Arquivo Edgard Leuenroth tenho a firme convicção de que a isonomia salarial dos trabalhadores técnico-administrativos é, não apenas um direito; é uma obrigação imperiosa para a manutenção dos padrões de excelência da Unicamp. Do mesmo modo, considero que a reivindicação de três referências para todos os pisos da carreira dos trabalhadores técnico-administrativos não é apenas justa, ela é uma necessidade.

As administrações precedentes, destilaram nos laboratórios do autoritarismo e da intransigência uma carreira para os trabalhadores técnico-administrativos que dificulta e limita progressão, ao mesmo tempo em que fornece fortes desincentivos à qualificação. Ainda assim, a iniciativa individual dos funcionários da Unicamp tem produzido uma constante elevação de sua formação.

No Arquivo Edgard Leuenroth, 2/3 do corpo de trabalhadores técnico-administrativos tem título superior, metade tem cursos de especialização, mestrado ou doutorado e 1/4 encontra-se atualmente investindo tempo e recursos próprios em sua formação. É grande o número de trabalhadores contratados para a carreira de nível médio que possuem um título superior ou estão em vias de obtê-lo. Ainda assim, os salários são inferiores aos praticados no mercado e em outras instituições de ensino. São esses trabalhadores sub-remunerados que garantem a excelência do Arquivo, seu reconhecimento internacional e a constante produção e preservação de conhecimento.

Esse patrimônio da Universidade encontra-se ameaçado. A ausência de isonomia com a USP e a corrosão salarial tem provocado uma evasão constante de técnicos extremamente qualificados. Trabalhadores, algumas vezes com mais de dez anos de Universidade e no auge de sua capacidade técnica e produtiva, têm trocado a Unicamp por universidades federais do interior de São Paulo e de Minas Gerais. Optam de maneira absolutamente racional por instituições menores e sem nossa tradição, mas com políticas salariais menos injustas. A irracionalidade fica por conta das administrações da nossa Universidade. Os conhecimentos perdidos demoram anos para serem repostos. Gasta-se tempo e recursos com a capacitação de novos técnicos, sem criar condições para que eles permaneçam na Unicamp recebendo um salário adequado às suas funções e qualificações.

A moção encaminhada por aquele conjunto de professores ignora o processo real de produção de conhecimento em nossa Universidade. Sem um corpo técnico-administrativo qualificado e remunerado de acordo com suas capacidades, sem um plano de carreira adequado que permita a progressão e incentive a formação, a Unicamp está condenada à falência acadêmica. A manutenção da atual política salarial dos trabalhadores técnico-administrativos continuará funcionando como um incentivo à evasão de saberes. Todos os dias laboratórios, bibliotecas, centros de pesquisa e outras unidades de excelência enfrentam essa ameaça. A situação é emergencial. Convenhamos, três referências é um preço muito baixo para evitar essa falência”.

Está gostando do nosso conteúdo? Compartilhe!

STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp)

Av. Érico Veríssimo, 1545 – Cidade Universitária – Campinas / SP – CEP 13083-851
(19) xxxxxxxx / xxxxxxxx
[email protected] / facebook.com/stu.unicamp /www.youtube .com / user / imprensastu

Todos Direitos e Conteúdos Reservados por Stu

Criado por @ Guilherme Rezende