É com grande indignação e tristeza que a diretoria do STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp) recebe a notícia de que as mulheres vítimas de violência integrantes da ocupação Maria Lúcia Petit Vive vêm sofrendo ameaças de parlamentares e militantes da extrema direita.
No dia 29/04, o coletivo Olga Benario organizou a ocupação de um imóvel abandonado em Campinas. A ocupação Maria Lúcia Petit Vive é a primeira ocupação no interior de São Paulo e a 14ª ocupação do Olga Benario no Brasil, fundada para estar ao lado das mulheres da Região Metropolitana de Campinas, na luta contra a opressão e a violência.
Desde então, essas mulheres estão organizando o espaço da ocupação por meio da limpeza e remoção de lixos e entulho, de apresentações de oficinas e atividades político-culturais e do atendimento e acolhimento das mulheres no local.
Depois de instalada a ocupação, é preocupante saber que passaram por lá um vereador da extrema direita da cidade e um ex-deputado estadual cassado por incentivar turismo sexual na Ucrânia e bem famosinho por incitar violência contra mulheres feministas. Teve também ameaças e a violência verbal proferida por um suposto proprietário do imóvel.
Esses ataques são uma clara demonstração do machismo, da discriminação, da opressão e da falta de apoio e empatia que muitas vezes são direcionadas às mulheres que lutam por seus direitos e mais segurança.
De acordo com a Constituição Federal a propriedade privada deve cumprir um papel social. Desta forma, destacamos que a ocupação de imóveis abandonados é uma forma legítima de protesto contra a falta de políticas públicas que garantem o direito à moradia digna para todas as pessoas, especialmente para aquelas que são vítimas de violência.
As mulheres que ocuparam o imóvel abandonado em Campinas estão lutando por um direito básico e inalienável – o direito a um lar seguro e livre de violência.
As ameaças e a violência verbal contra essas mulheres são inaceitáveis e não podem ser toleradas em uma sociedade justa e igualitária.
Sendo assim, exigimos que as autoridades tomem as medidas cabíveis protetivas para garantir a segurança dessas companheiras ameaçadas por grupos fascista e fornecer-lhes assistência e acolhimento para lidar com os traumas da violência. Além de abrir diálogo imediatamente junto à coordenação do movimento.
Aproveitamos para expressar nosso total e irrestrito apoio à Ocupação de Mulheres Maria Lúcia Petit Vive reconhecendo a coragem dessas mulheres em lutar por seus direitos e denunciar a violência e a opressão que enfrentam.
Solidarizamo-nos com as mulheres de todo o mundo que lutam contra a opressão e a exploração e reafirmamos nosso compromisso em apoiar a luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres.