Texto e fotos: Fernanda de Freitas
Na quarta-feira passada (19) os trabalhadores contratados pela Limpadora Centro realizaram uma Plenária para discutir as condições de trabalho enfrentadas em várias unidades dentro da Unicamp.
A demanda foi recebida pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação (Limpeza Urbana e Ambiental) de Campinas e Região (SIEMACO Campinas), o gerente de Contrato Operacional da Limpadora Centro, Gilberto Borba e os diretores do STU, Rosana Aranha, Reginaldo Alves Nascimento, Daniel Monte Cardoso e Antonio R. do Prado.
Os trabalhadores querem reajuste de salário e da cesta básica; Equipamentos de Proteção Individual (EPI) mais adequados; ônibus fretado mais confortável; contratação de mais funcionários; coibição do assédio moral; pagamento de insalubridade para trabalhadores em atividade em unidades de risco; regulamentação para aceite de Atestado Médico e para a notificação de Acidente de Trabalho, entre outros pontos.
A sobrecarga de trabalho, devido ao déficit de funcionários; salários baixos e valor da cesta básica defasado são alguns dos questionamentos urgentes, tendo em vista que a empresa paga R$ 75,00 por cesta quando a média praticada em São Paulo é de R$ 336,00.
A Limpadora Centro, em sua maioria, é formada por funcionárias mulheres, muitas delas são chefes de família e um dos questionamentos é sobre o não aceite de atestado médico – muitas vezes em caso de acompanhamento dos filhos menores de idade – quando o documento está carimbado somente pelo médico e não pelo Centro de Saúde. Ou pior, quando este vem descrito apenas o período compreendido pela consulta, sendo que o tempo de deslocamento entre casa/unidade de saúde/Unicamp ficam descobertos e as trabalhadoras têm suas horas descontadas no salário.
Elas também reclamaram do alto índice de assédio moral provocado, principalmente, por funcionários da Unicamp, sendo alguns casos de humilhações públicas e ameaças de punição. Além do grande número de acidente de trabalho devido aos EPI inadequados e as condições insalubres dos locais de trabalho.
Outra demanda é o retrabalho que as funcionárias acabam tendo, em caso de limpeza de sanitários, já que o contrato da empresa prevê limpeza por metro quadrado e, em alguns casos, apenas uma vez ao dia. Mas devido às reclamações constantes dos funcionários da Unicamp as trabalhadoras precisam executar o trabalho várias vezes ao dia gerando sobrecarga e atraso na execução das tarefas.
Diante da gravidade das denúncias o SIEMACO Campinas realizou nova reunião, no dia seguinte à plenária, com uma comissão de trabalhadoras e a direção da empresa Limpadora Centro que recebeu as demandas e solicitou prazo até dia 19/07 para responder os questionamentos levantados pelas funcionárias.
Segundo informações do SIEMACO Campinas, o sindicato irá aguardar o prazo e em caso de resposta desfavorável ou impossibilidade de negociação será discutida a deflagração da greve.
A questão da terceirização desmedida dentro da Unicamp, principalmente das áreas meios, tornou-se uma pedra no sapato da instituição pela falta de transparência e critério na contratação das empresas e a alta rentabilidade para o setor privado, que sempre lucra à custa da precarização dos trabalhadores.
A situação dos trabalhadores da Limpadora Centro não é isolada porque reflete o momento de enxugamento no quadro de funcionários pelo qual a Unicamp tem passado. E isso só será resolvido com a abertura de concursos públicos e lisura no processo de contratação pela Funcamp.