Rodrigo Cruz
O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) anunciou ontem, em reunião ontem com o Fórum das Seis realizada em São Paulo, que irá conceder um reajuste reajuste salarial de 5,39% aos servidores técnico-administrativos da USP, Unicamp, Unesp e Centro Paula Souza. O valor, muito abaixo dos 11% reivindicados na pauta da Campanha Salarial Unificada, cobre apenas o índice de inflação do período de maio de 2012 a abril de 2013 medido pelo IPC-FIPE e desconsidera as perdas históricas da categoria. O reajuste apresentado pelo Cruesp neste ano é o menor dos últimos cinco anos: 6,14% em 2012, 8,4% em 2011, 6,57% em 2010 e 6,05% em 2009.
O anúncio foi recebido com insatisfação pelos representantes das entidades sindicais. Na semana passada, durante a reunião técnica com as assessorias econômicas das universidades, o Cruesp já havia sinalizado que não concederia reajustes superiores ao índice de inflação ao apontar que a piora no cenário econômico levou a uma queda de arrecadação do ICMS. O discurso foi reprisado na reunião de ontem, quando o novo presidente do conselho e atual reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, afirmou que o Cruesp não faria nada além de garantir seu compromisso de “preservar o poder aquisitivo” dos salários dos servidores.
Tadeu se recusa a debater demais itens da pauta
Seguindo a tradição do Cruesp, que há anos se recusa a estender as discussões da mesa de negociação para além do índice de reajuste, Tadeu afirmou que a maior parte das pautas da campanha unificada deveriam ser pautadas em reuniões específicas com a administração de cada universidade. Questionado sobre os itens comuns à todas as instituições, como retirada das punições e permanência estudantil, Tadeu se limitou a abrir espaço para que os representantes de cada universidade respondessem às perguntas, reiterando a prática do Cruesp de baixar um índice de reajuste sem levar em conta as perdas acumuladas pelas categorias e não debater questões que afetam o desenvolvimento do conjunto das instituições.
Fórum das Seis quer negociação de verdade
Em resposta, as entidades do Fórum das Seis reclamaram que o Cruesp faz uma opção política ao se negar discutir a pauta unificada do Fórum, já que o Conselho propõe projetos em comum para as universidades estaduais quando é do interesse do governo estadual, a exemplo do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público (PIMESP). No entanto, na hora da negociação com os trabalhadores e estudantes, os reitores se negam a debater as reivindicações das comunidades universitárias.
Na prática, o Cruesp sob o comando de Tadeu manteve a mesma postura autoritária dos anos anteriores. Sem discutir de fato o índice proposto pelo Fórum, o conselho impôs um reajuste muito aquém do reivindicado e apresentou as mesmas justificativas de falta de verbas, sem explicar porque, ainda assim, há recursos de sobra para manter políticas como a compra da Fazenda Argentina ou os supersalários.
Nova reunião no dia 24
Uma nova reunião de negociação entre o Fórum e o Cruesp ficou marcada para o dia 24 de maio, em São Paulo. Os membros do Fórum das Seis inclusive questionaram Tadeu sobre a promessa feita durante a sua campanha para reitor sobre a possibilidade de voltar a realizar as reuniões de negociação da Campanha Unificada nas universidades, mas o professor disse que foi “ingênuo” ao fazer a proposta e que as reuniões continuarão a acontecer na capital. Antes disso, no dia 21/5, o Fórum volta a se reunir com a Comissão Técnica do Cruesp.
Para dar suporte à próxima reunião, as entidades sindicais que compõem o Fórum pretendem elaborar um parecer sobre as pautas discutidas até o final desta semana. Na Unicamp, assembleia convocada para a próxima quinta-feira (16) às 12 horas na sala CB1 discutirá o posicionamento que o STU levará ao próximo encontro com os reitores.