O jornal “Folha de S.Paulo” voltou a atacar as universidades estaduais paulistas em editorial publicado no último dia 25/5 acusando a luta dos trabalhadores técnico-administrativos e docentes de ser uma mobilização corporativa, irresponsável nas “torres de Marfim” da educação paulista. Na sequência, “O Estado de S.Paulo”, também em editorial publicado no dia 5/6 voltou a incitar a população contra a greve unificada ocultando suas reivindicações e destacando “grupos de alunos e servidores anti-ocupação”. Isso após ter divulgado em matéria sobre tais grupos uma foto de assembleia dos servidores em greve, distorcendo fatos e informações.
Em nenhum jornalão paulista discute-se a crise de financiamento enfrentada pelas principais universidades do país, que têm o repasse orçamentário congelado em 9,57% do ICMS há 21 anos, embora tenham computado uma expansão de mais de 80% dos quadros de estudantes de graduação e pós -graduação e expandiram enormemente o número de cursos oferecidos e campi.
Ainda que a greve fosse apenas por reajuste salarial, o Supremo Tribunal Federa já pacificou que a reposição das perdas inflacionárias anuais é um direito constitucional – que está sendo negado aos trabalhadores pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp). O IPC-Fipe – índice comumente utilizado pelo Cruesp em contraposição ao IVC/DIEESE reivindicado pelas entidades sindicais – somou 10,03% entre maio/2015 e abril/2016. Ao passo que o ICV no mesmo período é de 9,34%. Os reitores, no entanto, unilateralmente encerraram nas negociações impondo a reposição de apenas 3% das perdas do último ano. No caso da Unesp, o reitor José Durigan ainda comunicou que tal índice só seria incorporado aos salários “quando possível”. Ou seja, as universidades estão francamente em conflito com o ordenamento jurídico e avançando na quebra de isonomia do sistema educacional superior paulista.
Mas a greve também se insurge contra a postura dos reitores que aceitam o fato do governo do Estado descontar da base de cálculo do ICMS destinado às universidades paulistas várias rubricas, maquiando uma apropriação indevida de recursos que deveriam ser constitucionalmente enviados às instituições para a manutenção dos principais centros de excelência do país. No caso da Unicamp, soma-se a isso o descumprimento desde 2005 de acordo firmado com o próprio governador Geraldo Alckmin para ampliar em 0,05% a quota-parte do imposto a ser repassada em contrapartida à criação do campus de Limeira. Ou seja, também o governo estadual vem agindo em descumprimento da legislação e de acordos assinados, mas sobre isso a mídia paulista nada tem a dizer.
Enquanto isso, os hospitais universitários caem aos pedaços, há alagamentos na cidade universitária de Barão Geraldo quando chove – e mesmo dos prédios não é possível escapar às goteiras -, estudantes não têm políticas de permanência nas instituições a fim de concluírem seus cursos, e o acesso às universidades segue sendo excludente da população que constrói a riqueza do Estado – especialmente a população negra e afrodescendente.
Repudiamos a postura mentirosa e anti-jornalística dos veículos de imprensa paulistas. A sociedade precisa ser informada sobre o que se passa na Unicamp, USP e Unesp porque essas são patrimônios da população paulista que vêm sendo dilapidados pelo projeto tucano de desmonte da educação.