A diretoria do STU ficou estarrecida em saber que o livro sobre o abolicionista Luiz Gama, publicado pela editora Mostarda, saiu com uma impressão de suástica no lado direito da capa e chegou a ser distribuído para estudantes do ensino fundamental II de Campinas (SP).
Segundo informações do portal G1, a editora admitiu o erro, se desculpou e confirmou que está trocando a capa do material didático e vai devolvê-lo à Secretaria sem custo para o município.
A impressão errônea da capa demonstra que houve um grave erro na cadeia de revisão da obra. Isso porque no processo de confecção de um livro a capa passa por várias instâncias de revisão, antes de seguir para impressão. Então, definitivamente, não procede a alegação da editora de que houve falha no processo de impressão do livro.
É lamentável saber que a obra acabou sendo lançada com esse erro grosseiro na Bienal do Rio, em dezembro passado, e que esteve exposta numa das maiores feiras literárias do País, a FLIP, em Paraty.
O livro integra a coleção Black Power que é formada por uma vasta coletânea de obras voltadas ao público infantojuvenil que exaltam a história de personagens negros e indígenas como Mandela, Sônia Guajajara, José do Patrocínio, Laudelina de Campos Melo, Ailton Krenak, Dandara e Zumbi.
Esperamos que essa situação lamentável sirva de alerta para que a Secretaria Municipal de Educação faça uma rigorosa checagem em todas as obras recebidas, antes que sejam enviadas às escolas públicas do município. E que a Administração Pública promova a verificação nos demais livros para evitar que símbolos semelhantes sejam difundidos deliberadamente.
Nesses tempos tão duros em que o nazifascismo ganha força na nossa sociedade à medida que crescem os ataques ao Estado Democrático de Direito e às minorias – negros, mulheres, indígenas, comunidade LGBTQIA+ etc. –, não podemos admitir a naturalização de símbolos nazistas que reforçam o ideal genocida de limpeza étnica.
Luiz Gama foi um dos maiores líderes abolicionistas do país, jornalista, advogado e poeta. É o patrono da cadeira nº 15 da Academia Paulista de Letras e atuou como advogado na libertação de escravos durante o século 19. Infelizmente, por mais de um século foi vítima do apagamento histórico que atinge os/as líderes negros/as envolvidos/as nos movimentos contra a escravidão. Mas em 2021 ele foi o primeiro brasileiro negro a ser homenageado pela USP com o título Doutor Honoris Causa póstumo.
Historicamente o STU sempre esteve comprometido com a educação antirracista encampando a luta por uma sociedade justa, igualitária e livre de preconceitos.