A diretoria do STU manifesta preocupação com notícias veiculadas na imprensa sobre a intenção da Reitoria da Unicamp de convocar a Polícia Militar para garantir a continuidade da reunião do Conselho Universitário que avaliará os últimos pontos das medidas de ajuste propostas pela administração.
A política de cortes assunto da última reunião do Consu terá impactos deletérios para toda a comunidade universitária. Suspensões das contratações e promoções, reajuste dos valores cobrados nos restaurantes universitários e a subordinação ao Consu inclusive das negociações salariais tratadas na esfera do Cruesp e do Fórum das Seis são evidentes retrocessos.
O Sindicato manifestou publicamente a reivindicação da retirada dos itens mais polêmicos da pauta para que fossem melhor discutidos com a comunidade e as entidades. Porém a reitoria ignorou a solicitação da comunidade acadêmica, evidenciando postura antidemocrática e gerando uma tensão desnecessária ao impedir o diálogo saudável, prática que deveria ser permanentemente preservada num espaço universitário – que tem por missão debater e informar os problemas enfrentados de forma transparente, sem autoritarismo.
A reunião do Consu foi conduzida sem que nenhuma alteração ou supressão de itens polêmicos da pauta fosse aceita, aprovando todas as medidas por maioria, sem permitir a discussão, contra os votos dos representantes dos técnico-administrativos e discentes. Ao chegar no ponto sobre o reajuste dos bandejões e corte das gratificações houve a ocupação da antessala do Conselho e a suspensão da reunião.
Agora, para continuidade da reunião do Consu, o jornal ‘Correio Popular’ noticia que a reitoria sinaliza convocar a PM. Isso é um enorme retrocesso e vai contra todas as tradições democráticas construídas na Unicamp após o fim da ditadura empresarial-militar, quando a instituição viveu pela última vez um cenário de intervenção. A Universidade é um espaço de debates de ideias. No ambiente acadêmico o que se espera é que sempre haja soluções negociadas e que se respeitem as divergências e o contraditório. A comunidade lutou muito para conquistar a autonomia universitária e garantir uma condução democrática na gestão.
É evidente que convocar a PM para o campus é uma medida autoritária para enfiar goela abaixo da comunidade medidas não debatidas com quem será afetado pelas mesmas. É um enorme retrocesso. A história mostra que quando a PM entra por uma porta a autonomia universitária sai pela outra. Instamos à reitoria que, ao invés de fechar o Consu e chamar a polícia, abra e faça o debate com a comunidade.