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Discurso do STU para a posse da nova reitoria Tom Zé/Maria Luiza

Ontem (19), o professor Antonio José de Almeida Meirelles, Tom Zé, tomou posse como novo reitor da Unicamp e Maria Luiza Moretti assumiu a Coordenadoria Geral da Universidade (CGU).

A cerimônia de transferência de cargo foi transmitida ao vivo da sala do Conselho Universitário (Consu), que contou com poucos participantes presenciais devido à pandemia da Covid-1.

Estava previsto um momento para o posicionamento do STU, mas a fala não foi feita por problemas técnicos com link da plataforma do evento.

Desta forma, enviamos o discurso do Sindicato para que conste na Ata da Posse. Confira a íntegra do discurso.

Caros Tom Zé e Luiza,

Saudamos o início da gestão e esperamos que seja exitosa nos desafios. Temos convicções que serão tempos difíceis e de muita luta. Mas a democracia e a defesa da Universidade Pública, a autonomia e a inclusão devem unir a comunidade. A experiência já demonstrou que quando a comunidade se une a universidade se fortalece.

A diretoria do STU construiu em reunião esse posicionamento abaixo para servir de conversa com a nova reitoria na posse.

PANDEMIA

  1. Concordamos que o combate a pandemia é prioridade nesse momento que o Brasil vive uma tragédia nacional que já ceifou mais de 360 mil vidas de brasileiros e que a negação e a omissão do governo Federal só fazem aumentar essa tragédia.  A universidade enquanto lugar da ciência deve combater com firmeza o negacionismo e oferecer a sociedade caminhos que possam contribuir com a melhoria na vida das pessoas e uma sociedade mais justa;
  2. Deve também proteger sua comunidade, garantindo que nenhum estudante ou trabalhador que atue na universidade fique exposto, e quando for essencial a presença que se tenha as devidas garantias. Qualquer retorno dependerá da proteção da comunidade pela vacina.
  3. Falando em pandemia – é preciso falar dos trabalhadores da saúde da Unicamp, que mesmo sem todas as condições adequadas foram para linha de frente da Covid-19 e jogaram e jogam um grande papel no combate à pandemia; é preciso reconhecer e valorizar esses trabalhadores e ter um olhar para a Área de Saúde no sentido de compreendê-la como instrumento importante da relação da universidade com a sociedade.

INCLUSÃO

  1. A inclusão deve ter centralidade nas políticas da Unicamp. As lutas e mobilizações conquistaram avanços até aqui, mas é preciso atenção para não ter retrocessos e continuar avançando. Há uma necessidade objetiva de o país avançar no combate ao racismo, ao machismo, a homofobia e toda descriminação que acaba sendo fonte de exclusão e segregação na sociedade. A universidade deve ser transparente nessa discussão, mostrando seus dados e evidenciando a realidade da descriminação e do preconceito em todos os segmentos que atuam na Unicamp;
  2. Recentemente aprovamos as cotas raciais para carreira Paepe. Mais uma vitória. Mas é preciso olhar para todas as contratações na universidade, sejam docentes, pesquisadores, Funcamp ou terceirizados e observar o quanto de racismo contém nesses processos. É preciso olhar também o quanto o racismo está presente na indicação de chefias e nos demais cargos de gestão da universidade.

CUIDAR DAS PESSOAS

Cuidar das pessoas deve ser prioridade – esse foi slogan da campanha Tom Zé e Luiza e agora esperamos ser mote da gestão da atual reitoria empossada.

Para o STU cuidar das pessoas é:

  1. Garantir que os processos de trabalho e as relações de trabalho não sejam pautadas por assédios e os trabalhadores sejam respeitados. Precisamos de gestores na Unicamp com mais capacidade de ouvir e dialogar de forma democrática e respeitosa;
  2. Olhar e enxergar que os trabalhadores não são só números, mas buscar reconhecer que a Unicamp é uma construção coletiva e que nela existem pessoas que dedicam suas vidas para fortalecer essa instituição;
  3. Que olhar para as pessoas é dizer NÃO aos processos de terceirização, que precarizam o trabalho, reduzem direitos e desrespeitam trabalhadores;
  4. Estamos há vários anos sem recomposição dos salários. As reposições de pessoas não são suficientes sequer para substituir os servidores que saem ou se aposentam.  Os aposentados que já vivem em dificuldades têm parte da sua renda confiscada pelo governo Estadual. Nesse momento de pandemia os trabalhadores se veem com a renda diminuída, enquanto a universidade tem o menor comprometimento dos últimos anos.
  5. Nossa carreira precisa urgentemente ser retomada e discutida numa perspectiva de valorização do trabalho, reconhecendo que o processo de isonomia não foi concluído e que existem distorções que precisam ser corrigidas. As competências e as experiências devem ser valorizadas na carreira, mas com a centralidade de que o trabalho e a universidade são uma construção coletiva. Nesse sentido deve-se valorizar também processos de mobilidades entre setores e unidades que potencializem e valorizem as competências e experiências.  A Unicamp deve se abrir mais para formação de seus funcionários. A gestão da universidade deve ser mais democrática, valorizando as discussões e trocas de experiências.

Nesse sentido a universidade também precisa se democratizar para promover uma revisão nos seus estatutos e criar as condições para que a comunidade participe efetivamente e contribua com os processos de planejamento.

O STU reitera a saudação à nova gestão Tom Zé e Luiza e espera que seja exitosa!

Campinas, 19 de Abril de 2021

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