Em 1917 elas foram às ruas por “paz e pão”. Em 2017 as mulheres ainda lutam pelo fim da violência relacionada às desigualdades de gênero, especialmente os feminicídios, e por direitos iguais de fato.
Durante muitos anos o Dia Internacional de Luta das Mulheres (8 de março) esteve associado à história de trabalhadoras texteis que teriam morrido num incêndio. Hoje, no entanto, sabe-se que a data foi o estopim da Revolução de Fevereiro de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário russo era o 8 de março no calendário ocidental, quando operárias russas foram às ruas). Vale a pena conhecer o livro As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres, de Ana Isabel Álvarez González, para resgatar essa história de concretização da proposta da socialista Clara Zetkin, feita em 1910 na Conferência das Mulheres Socialistas.
Até hoje, as mulheres continuam tendo que lutar para superar as desigualdades sociais impostas pelo patriarcado, que vitima mais ainda as negras e não-brancas.
A violência de gênero é o resultado mais cruel dessas desigualdades. Como vimos no trágico feminicídio praticado no reveillón aqui em Campinas por um homem que assassinou a ex-companheira e mais 8 mulheres da família dela, além de matar o filho de oito anos e outros familiares, deixando ainda feridos.
No Brasil ocorre um feminicídio a cada 90 minutos. Duas mulheres são agredidas a cada cinco minutos. E ainda recebem menos que os homens pelo mesmo trabalho (no caso das negras, até 30% do que ganha um homem branco).
Por isso as mulheres seguem nas ruas. E assim derrotaram em 2015 o projeto de lei do ex-deputado Eduardo Cunha que impunha às mulheres uma regulamentação do direito ao aborto mais atrasada que o Código Penal de 1941. Também naquele ano lideraram as ocupações que frearam o projeto do governo Alckmin de fechar escolas.
E neste 8 de março, as Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo vão se somar às manifestações das mulheres em todo o país, que terão como tema central a defesa da previdência e da vida das mulheres, contra o golpista Michel Temer.
Em diversos países está sendo convocada ainda uma paralisação de mulheres contra os feminicídios e as desigualdades de gênero. No Brasil os movimentos feministas buscam fortalecer esse chamado.
Em Campinas está sendo construído um ato (mais informações no próximo Boletim do STU). E a manifestação estadual terá início na Praça da Sé, marco histórico das lutas na capital paulista. O STU vai somar forças nos atos e convida todas as mulheres da categoria a participar.