A Consulta à Comunidade para Sucessão de Reitor de 2017 acontece em primeiro turno entre os dias 15 e 16 de março. Os dias 29 e 30 do mesmo mês foram reservados para um possível segundo turno.
Estão na disputa pela sucessão os professores titulares Antônio Celso Fonseca de Arruda (professor da FEM), Léo Pini Magalhães (FEEC, foi pró-reitor de pesquisa na gestão Paulo Renato Souza), Luís Alberto Magna (FCM), Marcelo Knobel (IFGW, foi pró-reitor de graduação na gestão Fernando Costa) e Rachel Meneguello (IFCH).
O professor Antônio Arruda mais uma vez se inscreveu como uma espécie de anti-candidatura – inclusive não incorporando em sua chapa um ou uma postulante a vice-reitor/coordenador da Universidade.
As demais candidaturas já divulgaram suas plataformas em sites próprios que podem ser acessados por meio da página oficial da Unicamp. O STU também disponibilizou links para os programas das candidaturas apenas para facilitar aos trabalhadores o acesso às informações.
2 e 3/3 Sabatinas promovidas pelo STU, Adunicamp e DCE
7/3 Debate na FCA, 18h
8/3 Debate na FOP, 12h
9/3 Debate no Centro de Convenções, 18h
10/3 Debate dos vices promovido pela COC, 12h na FCM
13/3 Debate promovido pela Adunicamp, 12h no auditório da Associação com a participação das demais entidades.
15 e 16/3 Primeiro turno
Porque o STU não apoia nenhuma candidatura
A diretoria do sindicato discutiu o processo sucessório e deliberou não apoiar nenhuma das candidaturas porque não houve uma dinâmica de construção plataformas e nomes em diálogo com as categorias e suas entidades representativas.
No entanto, e até por não ter ocorrido este diálogo prévio entre os candidatos e o STU, a direção do sindicato buscará que todas as chapas se comprometam formalmente com as reivindicações dos trabalhadores técnico-administrativos.
O compromisso do sindicato é continuar lutando em defesa dos direitos e reivindicações da categoria, reafirmando a independência e autonomia do STU em relação às administrações universitárias. Além disso, independente de quem vença a consulta, a direção da entidade seguirá atuando para que as demandas dos trabalhadores – presentes ou não nos programas das candidaturas e aceitas ou não pelos candidatos nos diálogos promovidos durante a campanha – sejam efetivadas.
Entre os coletivos que integram a diretoria há posicionamentos distintos que, democraticamente, são publicados nas páginas centrais dessa edição especial do Jornal do STU para que os trabalhadores obtenham mais informações e elementos diversos que auxiliem na definição de seus votos.
Para contribuir ainda mais na escolha dos servidores, o STU realizará, além da assembleia deste dia 22 de fevereiro, às 12h no CB 1, uma série de sabatinas com os candidatos. E construirá em conjunto com a Adunicamp e o DCE um debate entre as cinco candidaturas.
Processo de consulta é arcaico e antidemocrático
No que diz respeito à definição de quem dirige a Universidade, a Unicamp ainda não saiu do modelo censitário do Brasil Colônia. O voto da categoria docente equivale a 3/5 do colégio eleitoral, sobrando para estudantes 1/5 e para os técnico-administrativos 1/5 do peso decisório. Ou seja, o voto de um professor vale pelo de 4 servidores ou de 15 estudantes.
É um sistema altamente antidemocrático que hierarquiza saberes e valores na comunidade universitária. Para piorar a situação, com a consulta no início no mês de março a maioria dos estudantes estará excluída do processo. Com isso, o peso do voto dos estudantes será ainda mais reduzido.
Também não podem votar ou serem votados os aposentados até o dia 7 de fevereiro deste ano (quem se aposentou após esta data ainda pode participar do processo).
Paridade é princípio democrático
Todos os 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná e os dois Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) existentes no país têm eleições paritárias por força da lei 11.892/2008. Além disso, em pelo menos 30 outras universidades federais as eleições também são paritárias.
O estabelecimento de peso igual entre os três segmentos da comunidade universitária, bem como a expansão das possibilidades de candidatura é um princípio democrático que rompe com uma lógica inspirada nas sociedades organizadas em castas. E o veto aos aposentados é discriminatório com quem dedicou anos de suas vidas à construção da excelência da Unicamp.
Em pleno século XXI é um absurdo que a Unicamp mantenha um modelo arcaico e discriminatório para decisão de quem conduz os destinos da Universidade.
Quem pode e como votar
A votação será nominal, secreta em papel. Haverá urnas no Ginásio Multidisciplinar e Área Médico-Hospitalar (Paulistão) no campus de Barão Geraldo, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Faculdade de Ciências Aplicadas, Faculdade de Tecnologia e Cotil (em Limeira).
Estão aptos a votar os técnico-administrativos, docentes e estudantes reconhecidos pela Comissão Organizadora da Consulta, sendo necessário apresentar documento de identificação pessoal (carteira funcional, RG, registro profissional ou CNH).
Confira abaixo o posicionamento dos coletivos que compõe a diretoria do STU:
Não vá às urnas, vá às ruas! Contra a reforma da previdência e por paridade na escolha da Reitoria!
O dia da votação da consulta é também um dia nacional de lutas. No dia 15 de março estão marcados vários atos, paralisações e mobilizações contra as reformas do Governo Temer e o ajuste fiscal. O ajuste fiscal que é sentido pelos trabalhadores com a redução do poder de compra, o descumprimento da isonomia e sem reposição das perdas da inflação. Afinal foi assim que Tadeu tratou os trabalhadores, não atendendo as nossas reivindicações alegando que não tinha dinheiro em caixa. Estranhamente, ao final de seu mandato Tadeu declarou ter mais de R$ 700 milhões guardados em reservas.
E este não foi o único erro de Tadeu. A Reitoria fez a mudança de regime de uma parcela dos trabalhadores e foi questionada judicialmente. Agora, o STF declarou nula a mudança de regime. São quase 2000 técnico-administrativos em situação desesperadora. Uma situação que atinge diversas mulheres têm que ser o foco de debates do dia internacional de luta das mulheres trabalhadoras. Mulheres trabalhadoras que ficarão sujeitas ao aumento da idade de aposentaria com a reforma da previdência que está em curso.
Nesta reforma, a mudança para CLT trará enormes prejuízos a todos os trabalhadores, por isso haverá manifestações em todo o país. Assim deve ser também aqui na Unicamp: transformar o dia 15/03 em um dia de lutas. O ataque será tão grande que poderá levar cerca mais de 25% dos trabalhadores técnico-administrativos a saírem da Unicamp. Com a crise econômica colocada, nenhum dos candidatos à Reitoria garante que será reposto esse quadro. Ou seja, com os impactos da Reforma da Previdência se a próxima Reitoria não tiver um compromisso de reposição imediata das vagas, veremos nossos problemas se intensificarem cada vez mais. Mas essa promessa não está colocada em nenhuma campanha.
Ao contrário, a consulta para Reitoria não considera o nosso peso de trabalhador, fazendo com que nosso voto valha quase nada. Para completar, é só uma consulta e não uma eleição, ou seja, seu resultado não tem valor algum.
Por isso, nós do Coletivo Base defendemos que não podemos ter ilusão nessa disputa. Queremos paridade e nessa consulta nós não devemos ir às urnas, devemos ir às ruas para dizer não à reforma da previdência!
Coletivo Base
Um olhar sobre a universidade
Na Unicamp os processos de consulta sempre foram de intensos debates na categoria. Já lançamos candidato, apoiamos candidato de oposição, e na maioria das vezes não nos posicionamos por nenhuma candidatura, assumindo uma posição de aproveitar o processo para debater a posição dos trabalhadores sobre a Universidade, a democracia e a nossa pauta.
É claro que existem sempre aqueles que quando chegam esses processos já têm um discurso pronto. “De que adianta esses processos, nosso voto não vale nada mesmo, vamos negar tudo que é melhor pra nós – assim a gente não se compromete com nada.”
Nós do Alerta Unicamp não pensamos assim. Entendemos que o STU deve interferir no processo fomentando o debate, reafirmando nossas posições e nossas pautas e dessa forma medindo o nível de comprometimento daqueles que pretendem ser reitor da Unicamp.
Na diretoria construímos uma posição de não apoiar nenhuma candidatura. Não houve um processo de construção de candidaturas que envolvesse as entidades. O STU exigirá dos candidatos compromissos públicos com as questões da universidade, da democracia e da nossa pauta.
O Alerta Unicamp não olha o processo com um sinal de igual entre os candidatos e os projetos em discussão. Numa crise econômica e um processo político onde um presidente ilegítimo foi alçado ao poder para impor uma agenda conservadora e neoliberal, as candidaturas, sobretudo as que tendem a polarizar a disputa, estão pautadas por esse debate.
Não é à toa que vários ex-reitores protagonistas de gestões conservadoras e que sempre tiveram influência no poder da Universidade se uniram na construção da candidatura do Prof Marcelo e Tereza. Não é à toa também, que um campo democrático e popular, que tem uma visão de resistência a essas políticas se uniu em torno da candidatura da Profª Rachel e Osvaldir. O resultado da consulta não é indiferente aos trabalhadores.
Nosso papel vai ser construir a luta e a mobilização para resistir e garantir que não haja retrocessos nos direitos e conquistas. Mas a organização da luta ganha força quando se dá num ambiente de democracia e de valorização e respeito à organização dos trabalhadores e estudantes e de respeito a autonomia.
Alerta Unicamp
O “menos pior” não basta
Nesta sucessão da reitoria da Unicamp, assim como em todo o processo da política brasileira, os trabalhadores não podem rebaixar suas expectativas de dignidade e apostar no projeto “menos pior”, na esperança de que se respeite “pelo menos alguns” dos nossos direitos. As principais candidaturas representam os mesmos velhos grupos que sempre se revezaram na reitoria disputando a posição de executor do projeto de universidade do governo. As candidaturas alternativas, representam, um pouco mais indiretamente, os mesmos grupos. Os trabalhadores estão abandonados à sua própria luta, seja quem for o escolhido do governador.
O projeto de universidade dos governos, desde a fundação da Unicamp, variou os ritmos de uma mesma toada, mas sempre caminhou no sentido de tolher a formação crítica, da elitização de estudantes e professores e do fechamento da universidade aos reais problemas brasileiros. Os momentos de avanços e conquistas, que significaram um impulso contra essa precarização, foram promovidos pela mobilização e pressão organizada de funcionários, estudantes e docentes, que souberam frustrar os projetos dos políticos e chefes.
Sempre que nós entregamos nossa confiança a um administrador ou governante, comprometemos a nossa capacidade de mobilização e dificultamos os avanços tão importantes para a garantia de uma saúde e educação de qualidade na Unicamp. A reitoria Tadeu é a prova de que ganhamos muito menos confiando em promessas do que entendendo que não há conciliação possível com o lado de lá. Manter independência é condição básica para organizar o enfrentamento.
É preciso organizar os movimentos sociais da Unicamp por fora daqueles que bajulam um candidato ou pintam outro(a) como sendo o(a) pior e inaceitável. É preciso fazer a análise crítica de seus projetos políticos e não votar em nenhum que signifique estagnação ou retrocesso. Qualquer candidato que enquadre a Unicamp num cenário de crise e de “ajustes necessários”, por exemplo, encaminha o projeto que Temer e seus precedentes querem empurrar goela abaixo dos brasileiros: o austericídio, que salva temporariamente os de cima e seus privilégios, em claro prejuízo aos direitos e condições de vida dos de baixo.
Vamos à Luta!
Rachel – Reitora e Osvaldir – Vice – Unicamp de tod@s !!!
Nós, militantes do campo cutista do STU, temos compromisso inegociável com a defesa dos direitos políticos, sociais e civis na Unicamp. Esse é o nosso compromisso com os trabalhadores, estudantes e usuários, e com a nossa própria história de militância sindical e política. Defender a Unicamp democrática e plural é defender a comunidade e a autonomia universitária.
Somos herdeiros e construtores das lutas contra a intervenção malufista, os ataques dos governos do PSDB às universidades, as privatizações e a terceirização. Somos os impulsionadores de uma Unicamp mais solidária, feliz, inclusiva e referenciada socialmente.
Vemos com preocupação a criminalização dos movimentos reivindicatórios dentro da Unicamp promovida por grupos de direita que não querem o diálogo.
Manifestamos nosso apoio à candidatura Rachel Reitora e Osvaldir Vice, pois entendemos que essa chapa tem maior identidade programática e assume o compromisso de não apenas não ampliar a terceirização na Unicamp, mas discutir seriamente com a comunidade alternativas que possibilitem sua redução no tempo, visando a preservação dos valores do trabalho no setor público.
A chapa defende cobrar o acordo firmado com o Governo do Estado em 2005, de acrescentar 0,05% do ICMS à quota parte do Estado em razão da criação do campus da FCA em Limeira. Esse acréscimo representaria aproximadamente R$ 50 milhões anuais.
Defendemos que a Unicamp se alinhe à Frente Brasil Popular, como estratégia de resistência para enfrentar o ambiente extremanente desfávoravel imposto pelo golpe. Os impactos do golpe na vida universitária já se fazem presentes, pela redução de bolsas de estudos das agências de fomento do governo federal, ou pela aprovação da PEC 55/2016, que congela os gastos públicos com área social em 20 anos.
O compromisso da chapa Rachel e Osvaldir é contrapor a lógica do golpe e exigir, por exemplo, o reajuste do valor repassado pelo SUS, congelado em termos nominais há mais de três anos, apesar do significativo aumento dos serviços e atendimentos realizados pela Unicamp. O Brasil, o Estado de São Paulo, a cidade de Campinas, nosso bairro, precisamos da Unicamp e para tanto só há um caminho: eleger Rachel Reitora e Osvaldir Vice – Unicamp de tod@s!!!
Francisco Genezio Lima de Mesquita
Roberto Carlos de Souza (Fubá)
Sucessão a reitor na Unicamp: Mais do mesmo
Após vivenciarmos uma gestão de muitas promessas e poucos avanços, estamos diante de mais um processo de escolha para reitor da Unicamp. É bom lembrar que a sucessão não se faz por eleição democrática e paritária, mas por uma consulta, onde o voto dos docentes vale três vezes mais que dos técnicos administrativo e estudantes.
Nesta consulta, o que se apresenta é o continuísmo dos grupos que estão à frente da reitoria há mais de duas décadas. E mesmo as candidaturas que se dizem independentes não apresentam nenhuma proposta concreta de mudança estruturante. De qualquer forma, se observarmos, todos eles, de uma forma ou de outra, já estiveram na reitoria, seja como pró-reitores, assessores de pró-reitores, chefes de gabinetes, enfim, nunca saíram da máquina.
Nossa avaliação é que nenhum dos candidatos tem o perfil de mudança para a Universidade. Eles não debaterão pontos como: democratização, transparência orçamentária, fim da dupla matrícula, abertura de concurso público, fim da terceirização, mudança de regime, carreira, modelo de financiamento. Porque todos se beneficiam do modelo que vigora. Nenhum dos candidatos ousará enfrentar a política do governo do Estado, que é de desmonte da Universidade. Seguirão o modelo da USP, de sucateamento, arrocho e esvaziamento do quadro técnico-administrativo e ataques à entidade.
Entendemos que nosso papel no próximo período, independente do reitor que venha a ser escolhido, será de resistir aos ataques que sofreremos, interna e externamente à Universidade, pois a conjuntura apresentada pelos governadores dos estados e federal é de total ataque aos setores públicos, em especial as universidades públicas. Exemplo disto é a UERJ, que atravessa uma crise profunda, correndo o risco de fechar as portas diante dos desmando dos governos do daquele Estado. A proposta do governo federal para “salvar” a UERJ é ajudar o Estado desde que este aceite o ajuste financeiro, que nada mais é que arrocho salarial, corte de verbas e privatizações.
Para derrotar este modelo será necessária a unidade dos trabalhadores, fazer mobilizações para além do debate de reajuste salarial. Ir às ruas, dialogar com o movimento estudatil, pensar um novo modelo de universidade que contraponha e rompa com este ciclo de continuísmo de reitores que atacam nossos direitos. Para nós trabalhadores da Unicamp a saída é a luta!
Coletivo Vamos à Luta!
Osvaldo Sales, Sandra Ramos e Toninho Alves